Eu estava assistindo uma série chamada The Feed que tem pequenas semelhanças do momento que estamos vivendo hoje. Apesar da série ser apresentada num cenário futurista de ficção científica, há alguns sentimentos profundos que compartilhamos. O medo, a incerteza, a angústia, a ansiedade, a insegurança, a tristeza e a solidão durante esta pandemia confirmam este acontecimento tão raro e grave que nos encontramos e como poucas pessoas estão sabendo lidar com todo esse misto de sentimentos ruins. Eu participo dessa cota e achei necessário falar sobre isso aqui no blog pra te dizer que você não está sozinho.
Pra quem estava acostumado a ser isolado do ciclo social, muito provavelmente sua sanidade continua intacta. Mas pra quem tinha o contato direto com pessoas que estão agora distantes tem sido difícil lidar com todos esses sentimentos e principalmente os pensamentos. É complicado manter o vínculo afetivo quando já não se tem a tolerância de repetir o mesmo contato virtual diariamente. Eu sei que não sou a única que estou sentindo toda essa confusão e esse sentimento estranho dentro de mim.
E até tento ser positiva em pensar que tudo vai ficar bem e que vai voltar como era antes, mas no fundo eu imagino que isso não vai acontecer. Primeiro por que isso tudo que estamos vivendo não é pouca coisa, sabe? Nem todos estão dando a devida importância e me parte o coração essa tamanha ignorância e insensibilidade. Quantas mortes são necessárias para que todos se conscientizem? Me pergunto que se alguém amado por essas pessoas morrerem elas estarão cientes da gravidade e vão fazer sua parte? Sem falar do nosso presidente que consegue piorar toda a situação com suas atitudes.
Eu, sinceramente, não consigo nem imaginar a dor da perda de uma pessoa querida. No momento dessa publicação são aproximadamente 16 mil mortes no Brasil. Acredito que é hora de evoluir como ser humano e procurar ter empatia e amor ao próximo. Cuide-se por você. Cuide-se pelas pessoas ao seu redor. Esse evento não se trata de disputa entre partidos políticos, mas de vidas. Vidas essas que importam. A minha, a sua, a da sua família, a de todos nós. Foram dezesseis mil pessoas. Como disse Willian Bonner, eram vidas de pessoas amadas por outras pessoas. E esse número aumenta a cada dia em consequência de pessoas que não cumprem sua parte, que não buscam informação do que realmente está acontecendo e que não acreditam no que está acontecendo.
Eu entendo que nem todos podem estar em casa isolada como estou. Compreendo que nem todos têm o privilégio de poder estar em quarentena trabalhando em casa. Mas apenas o ato de seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde, como a utilização da máscara de proteção facial, da distância social de 1,5 metros e do uso do álcool em gel, entre outras recomendações, já diminui a propagação do vírus e casos de contaminação.
As pessoas ignorantes precisam entender todo o perigo que estão correndo. Vocês estão cientes? Dependendo da gravidade da doença, pode ser uma morte rápida e repleta de sofrimento. Seda-se o paciente para melhorar sua adaptação ao respirador mecânico. Febre, tosse, perda de paladar ou olfato, dor, desconforto, cansaço, entre outros sintomas... Medicamentos diversos e antibióticos são aplicados em tentativas de melhora que por muitas vezes falham. E a incerteza da contaminação após a morte causa a impossibilidade de se despedir dos parentes com poucas pessoas, tempo limitado e caixão lacrado e desinfectado.
Sinto também que esse não é um momento de queixas. Não está fácil para ninguém e ainda há pessoas em situações piores do que nós. Pessoas doentes, trabalhadores informais, profissionais da área de saúde que estão diariamente expostos ao vírus, pessoas que não tem a possibilidade de entretenimento de assistir uma série ou um filme, de jogar no seu computador ou no seu celular, de estudar, de praticar meditação, de se exercitar, de comer uma coisa diferente que gosta, de assistir as lives, de bater um papo com as pessoas que gosta... Enfim, de fugir um pouquinho dessa realidade obscura que estamos vivendo. Portanto, seja grato por tudo o que você tem e tente não reclamar tanto.
E ainda há o peso de reviver lembranças passadas, sentindo-se como se todas as decisões da vida estão sendo colocadas em pauta. Talvez seja uma forma de sobrevivência para manter nossa mente ativa e longe da ociosidade ou esse é um daqueles momentos em que fazemos uma análise geral da nossa própria vida, das pessoas que estão nela, das nossas ações, das nossas escolhas e, por fim, nos perguntamos se esse é o lugar que realmente gostaríamos de estar. Você já se perguntou? Esse também é um bom momento pra pensar, entender seus sentimentos e priorizar as pessoas e assuntos que nos fazem feliz.
Mas se você não quer fazer nada, está tudo bem. Se você está conseguindo fazer tudo o que quer, está tudo bem também. Esse não é o momento para estar cobrando produtividade nas suas metas profissionais e pessoais. Entenda que a gravidade dessa pandemia está afetando o mundo exterior, fora da nossa casa, e o nosso interior. Nossa mente está cheia de informações e podemos fazer pouca coisa para ajudar a não ser sentar e esperar, não é mesmo? Então respira, inspira e para de se cobrar tanto.
Enfim, esse silêncio que nos mantem distantes me fez pensar muito. Essa mudança radical no nosso cotidiano não afetou apenas nossa saúde física, com as inúmeras mortes de pessoas contaminadas, como também afeta diariamente nossa saúde mental. Quis compartilhar um pouco do que penso sobre isso e pedir para que vocês se cuidem. Precisamos aprender mais e sermos seres humanos melhores. Portanto conscientize-se, informe-se, reveja suas prioridades, valorize as pessoas ao seu redor, ame-se, ame o seu próximo, sorria, beije, abrace, expresse seus sentimentos, seja gentil, tenha empatia e não seja imparcial diante do mal. Ele não. Ele nunca.